segunda-feira, 28 de maio de 2012

Os padrinhos mágicos





Ontem após uma tarde agradável na presença dos amigos, eu e o Bruno íamos no carro conversando sobre a proximidade do casório, “ é,  já esta ai pertinho”, “ sim, sim, falta menos de uma semana” ... foi uma longa pausa de cinco segundos no carro, até o momento em que eu, meio envergonhada disse “ sabe da maior verdade!? Eu não quero que chegue, quero que continue assim, os preparativos estão TÃO divertidos” , o Bruno naquela hora me olhou como se eu tivesse entrado na cabeça dele e repetido o que ele também estava sentindo.
Ok, a correria é grande. A gente está mais perdido do que cego em tiroteio, estamos mais falidos do que o banco Pan americano e mais confusos do que o Harry Potter no primeiro jogo de quadribol, mas, a verdade é que está tudo delicioso.
É um caos organizado ( quase igual ao meu quarto), é uma loucura totalmente sã, em que a gente tem reconhecido em várias pessoas, amigos de verdade. E esse assunto de amizade, sempre rende altos debates filosóficos entre mim e o digníssimo ( sim, minha gente, o Bruno também discute comigo). Parece que quanto mais nós vamos crescendo, mais difícil fica olhar pro lado, bater no peito e dizer “ aquele ali é meu amigo de verdade”. A gente olha para as pessoas e tem sempre a impressão de que todo mundo é amigo, até  a página dois. Não me tire do meu conforto, não discorde de mim e não me peça muitos favores, dessa forma nossa amizade é para sempre.
E ai, como isso me deprime. Eu cresci escutando aquela coisa “ ninguém é uma ilha” e uma vez uma professora minha de técnica de redação, escreveu uma frase na lousa “ os homens seriam muito mais felizes se construíssem pontes ao invés de muros” ( não sei se era exatamente isso, mas dá pra entender) e parece que essas duas coisas sempre martelaram na minha mente. Você precisa do outro mesmo que nem perceba,  para poder viver nesse mundo. De um atendendo pra te servir, de uma enfermeira pra te curar, de um agente do trânsito fdp pra te f** , não importa quem seja, mas a presença de outras pessoas em nossas vidas é vital. E é claro, que a gente quer ter amigos, não precisa ser muitos, mas quem não quer ter um amigo que te atenda de madrugada quando você tem algum surto psicótico? Ou que saia correndo quando você manda uma mensagem “ preciso de uma mãozinha aqui”  e ai a pessoa acha que é algo muito importante, quando no final das contas você so precisa de gente a mais pra segurar as sacolas das compras!? Ou, quando você precisa de amigos simplesmente para se divertir, sentar, conversar besteira, dar risada sem nenhuma pretensão e ser feliz. Quem é que não deseja isso na vida!? A sensação que uma amizade trás no nosso peito é diferente do amor romântico, é diferente do aconchego da família, é aquela sensação de gratuidade “ eu não nasci dela, eu não dou pra ela, eu nem mesmo sou lá grande coisa mas ela perde cinco minutos comigo sempre”.
Eu e o Bruno temos esse apego a amizade, mesmo já tendo quebrado a cara umas trocentas vezes. E nossa, como já quebramos, como já fizemos promessas eternas de que nunca mais íamos fazer nada pra ninguém, emprestar dinheiro pra ninguém, organizar viagem pra ninguém, organizar festa pra ninguém. O plano era fugir, vender bijus e comer peixe assado todo dia, por que ninguém é digno da nossa amizade.
Eis, que a gente resolve casar. Aqueles amigos que estão com a gente desde SEMPRE são os primeiros a passarem na nossa cabeça, alguns deles não se empolgam tanto e sim, nós ficamos tristes e decepcionados e a gente sempre fala “ que se dane, não vou nem avisá-lo de nada “ e daqui dois minutos lá está a gente “ vamos ligar pra fulano, e dar mais uma chance para ele”, alguns  outros até choraram quando ficaram sabendo da notícia, aqueles amigos que estão com a gente desde o nascimento do casal Bruno e Dani, quantas aventuras, quantas broncas, quantas coisas a gente já não viveu junto e ontem a noite, estávamos ali, sentado no Mc Donald´s, repassando algumas coisas e falando sobre outras com aquela cumplicidade que só existe entre a gente. É como se não houvesse nenhum tipo de pudor, nenhum tipo de segredo, nenhum resquício de insegurança, enquanto a gente conversa, brinca e dá risada, o nosso peito é tomado por um sopro leve em que a gente pensa “ eu tô me jogando do precipício mais alto que já vi e estes dois estão ali embaixo para nos segurar, acho melhor eu fazer uma dieta para eles conseguirem me pegar” , não, nada é igual a esse sentimento.
Mais pra frente, enquanto a gente pensava em tudo que anda acontecendo, e nessas coisas deliciosas a gente parou pra pensar. Ok, o Caíque e a Marina são nossos amigos há mil anos e, nós não esperávamos outra coisa deles, eu esperava que o Caíque ia levar o Bruno pra esbórnia da despedida de solteiro e eu sabia que a Marina ia chorar quando eu fosse chama-la para ser (fada) madrinha. A gente se emociona com tudo isso mesmo assim, mas, no fundo não esperávamos nada de diferente das duas pessoas que de tão importantes para gente, chegam a se confundir em certas lembranças com nós mesmos.
Legal mesmo, é quando acontece daquelas pessoas menos inesperadas te surpreender de um jeito comovente. Quando você as conhece há menos de um ano, mas já gosta assim de um jeito genuíno. Fica com vergonha de fazer um pedido íntimo, mas, aos poucos vão construindo uma amizade bacana e, de repente, percebe que ela está tão envolvida com o seu momento quanto você ( elas dizem que estão até mais do que eu..ahaha). E a gente abusa mesmo, manda trocentas mil mensagens, cheias de dúvidas e aflição, marca coisas de manhã mega cedo, faz pagar mico, trabalhar, mão na massa, mas o que emociona é perceber que ninguém tá ali obrigado e, sim por que quer realizar junto com a gente esse momento mais do que especial.
E nossa, como tudo isso deixa a gente inebriado. É como se estivéssemos dentro de uma bolha, é uma soma de paz, felicidade, borboletas no estômago. Você olha para essas pessoas e tem a certeza de que sempre vale a pena acreditar, acreditar que há pessoas boas, que existe gente que vai sair da zona de conforto pra te ver bem, que sempre existe alguém que vai te retribuir da forma mais genuína todo o sentimento que nutrimos dentro do peito. A gente olha e chega a conclusão de como vale a pena às vezes largar o osso daquele “amigo” e descobrir a existência de pessoas maravilhosas.
Por que para mim, quem vive de história é museu. Amizade é igual a casamento,  não da pra viver no passado, não dá pra ficar sempre relembrando as coisas de legal que já fizemos, a gente precisa também do atual, do hoje, da necessidade latente. Senão fica tudo meio frio, meio frágil e meio sem sentido.
No final do caminho a gente tava se perguntando, se queríamos mesmo que tudo isso acabasse ou se vamos querer viver  eternamente nos preparativos do casamento para aproveitar essa fase boa. Eu acredito que, quem não vai gostar muito disso, é o Caíque, Marina, Maíra ( Nicholas de tabela), os nossos padrinhos mágicos que estão fazendo tudo acontecer e, que com certeza não seríamos nada sem eles.
E esse texto meio atrapalhado, meio na correria, vai para eles. Eu já nem sei mais como agradecer, o que fazer, como demonstrar. Eu sou assim, meio dura, meio fechada, meio grossa, mas juro que por dentro sou uma moça cheia de sentimentos bons e que está tão feliz por ter vocês aqui do nosso lado. Sozinhos não faríamos nem ¼ das coisas que vocês estão fazendo por nós e a gente não sabe direito nem como agradecer!
Meus amigos, vocês são o maior presente de casamento que podíamos ganhar , daqui 50 anos quando eu e o Bruno estivermos completando bodas, vamos lembrar do nosso casamento com o maior carinho e saber que eu tenho que contratar a Maíra pro Buffet, a Marina pra decoração e deixar o Caíque longe do Marido, por que a pipa do vovô não vai subir mais...ahaha!

É isso pessoal!

Nós amamos vocês!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Não basta ter filho para ser mãe!

Acho que eu já devo ter comentado por aqui a minha não vontade em ter filhos. Pois bem, as amigas mais chegadas, acho que não tem nenhuma ou que não se assuste quando eu começo a dissertar, ou que não jogue naquele time " ah, um dia ela vai mudar de idéia", pois bem, se eu vou ou não, só o tempo pra dizer, mas enquanto isso, eu continuarei dissertando sobre a maternidade.
Acho que com exceção da morte, "ser mãe" é um dos temas mais obscuros pra mim. Daqueles que despertam em mim a minha veia filosófica, a maioria das dúvidas e uma boa dose de ressentimento.
Eu não acredito que a mulher nasça predestinada a ser mãe. Aquela história de "instinto materno" presente em todas as mulheres, para mim é pura balela. É mais uma daquelas milhares de coisas que repetem tanto desde que você nasce que acabamos tomando para nós como verdade absoluta, tipo " nascer, crescer, passar no vestibular, arrumar um emprego, aposentar e morrer" . Se você é do sexo feminino, acrescente-se ai entre arrumar um emprego, aposentar e morrer ter um filho. É quase que um passaporte para ser bem aceita ou bem vista, ter um filho, mesmo que você não queira tanto, tenha pelo menos um e já irá poder participar daqueles papos " aah, ser mãe é a melhor coisa do mundo" e poderá se sentir bem.

Pra começo de conversa eu não acredito que filho mude alguém. Essa história de "um dia ela vai ter um filho e tomar um jeito na vida" para mim, é pura besteira. Ninguém muda ninguém. Ninguém troca de hábitos se não se dispor a isso. E digo mais, colocar um filho no mundo com o intuito de mudar de vida é muito egoísmo, é um fardo muito grande para uma criança conseguir consertar os erros que você comete sei lá desde quando.
Ainda tem aquele outro time que fala " ah, é bom ter um filho, por que quando você ficar velha terá alguém para cuidar de você". Ai amiga, eu sinto informar que você já começou mal. Por mais que exista toda aquela aura mística ao redor do amor entre mãe e filho, vamos combinar, que não dá pra prever nada. A única coisa que eu prevejo nessa situação é que essa mulher será uma sogra louca e chata, daquelas totalmente carentes que não consegue ver o seu passarinho criar asas e voar. Alias, é até meio estranho pensar que alguém seja tão insuportável a ponto de não ter ninguem para querer cuidar dela no seu leito de morte que tem que "criar" um pobre coitado para isso. Não meu Deus, filho também não é para isso.

O que eu percebo é que existem muitas relações entre mãe e filhos que são péssimas, mas ninguém assume. Magina, que vergonha seria admitir para os outros que nem o seu próprio filho, se dá muito bem com você.  E, eu acredito que muitas dessas relações ruins são minadas pouco a pouco por essa pressão muitas vezes externas de que a mãe precisa ser "tudo em uma só".
 Na busca por essa perfeição materna, muitas vezes as mulheres acabam se esquecendo de si. Largam empregos, ficam barangas, viram verdadeiras "dona fifi" e perdem o amor próprio. Não, nem amor de filho substitui o amor próprio, por que se você não consegue nem se amar, não irá amar outra pessoa. Dá pra sentir que tem muita mulher por aí assim, de repente engravidou sem querer e se viu sem opções, abriu mão de um monte de coisa por um bem maior, mas, em algum momento da vida achou que não estava sendo bem recompensada e começou a nutrir o coração de mágoa.
A gente encontra também, com seus filhos felizes por ai .....até a página dois. A mãe ainda é a responsável pela mamadeira, pela dor de barriga, pela escola, pela cólica, por tudo. O pai entra, brinca, faz uma graça e sai de cena, assim como se a mulher tivesse feito tudo sozinha ( e eu nem sabia que masturbação engravidava). Não, também tá tudo errado. Para dar certo tem que ser um time, você, o pai ( seja marido ou não) e os seus filhos. Responsabilidades divididas, dores de cabeça divididas e alegrias somadas ( clichê mesmo).

Eu tenho dentro de mim ( e isso é difícil de assumir por que eu pareço um monstro falando isso em voz alta) um sentimento meio de pena quando vejo "mãe e filho" por aí. Eu tento ( juro que tento) mas não sinto muita alegria por amiga que chega até mim e me diz " estou grávida", o meu primeiro pensamento é " vixi, agora f** de verdade". Algumas amigas já mudaram isso dentro de mim, tem pestinhas fofas e continuam mulheres. Outras eu olho e penso " não amiga, não ande em direção a luz" , mas ai me diz, como é que eu falo uma coisa dessas para o mundo? Melhor ficar quieta.
Dá pra perceber que eu estou longe de acreditar que essa seja uma relação assim, tão simples, tão sem interesses, tão mística. Eu não tive e nem tenho e acho pouco provavel que terei um relacionamento com a minha mãe da forma como a gente vê no comercial da Boticário. Talvez seja por isso que eu seja tão descrente em tudo isso, talvez não. Eu tenho uma mania infernal ( digo infernal, por que seria muito mais facil se fosse ao contrário) de enxergar tudo diferente, de questionar qualquer coisa que se apresente a mim como verdade absoluta e todo mundo sempre me acha doida =), mas eu tenho uma agonia de sair por ai, falando, pensando e agindo na forma como me impuseram sem analisar se aquilo tudo realmente faz sentido.

Para mim, ser mãe é muito mais do que colocar um filho no mundo. Não basta sair "parindo" por aí, tem que ter zelo, dedicação, amor, carinho, compreensão e, além de tudo precisa amar o seu novo papel.

Ser mãe deve ser lindo mesmo, quando eu vejo a minha irmã e o meu sobrinho ou a amiga Joana Frenética e sua mini Joana, dá até inveja ( por cinco segundos, mas dá), ali nelas parece que o sentimento é real, estão criando os seus pimpolhos de um jeito gostoso, saem, viajam, passeiam, fazem planos, o mundo delas não parou por que tiveram um filho, muito pelo contrário, ele passou a girar mais rápido. Não precisaram do filho para serem amadas, não precisaram do filho para melhorar o caráter e não precisarão lá no futuro olhar pra trás e perceber que abandonaram suas identidades por causa de nada. E, à mães assim,como elas, que não esquecem que antes de serem mães,  eu desejo um FELIZ DIA DAS MÃES, com amor, carinho, admiração e muita comida =))