Ontem após uma tarde agradável na presença dos amigos, eu e
o Bruno íamos no carro conversando sobre a proximidade do casório, “ é, já esta ai pertinho”, “ sim, sim, falta menos
de uma semana” ... foi uma longa pausa de cinco segundos no carro, até o
momento em que eu, meio envergonhada disse “ sabe da maior verdade!? Eu não
quero que chegue, quero que continue assim, os preparativos estão TÃO
divertidos” , o Bruno naquela hora me olhou como se eu tivesse entrado na
cabeça dele e repetido o que ele também estava sentindo.
Ok, a correria é grande. A gente está mais perdido do que
cego em tiroteio, estamos mais falidos do que o banco Pan americano e mais
confusos do que o Harry Potter no primeiro jogo de quadribol, mas, a verdade é
que está tudo delicioso.
É um caos organizado ( quase igual ao meu quarto), é uma
loucura totalmente sã, em que a gente tem reconhecido em várias pessoas, amigos
de verdade. E esse assunto de amizade, sempre rende altos debates filosóficos
entre mim e o digníssimo ( sim, minha gente, o Bruno também discute comigo).
Parece que quanto mais nós vamos crescendo, mais difícil fica olhar pro lado,
bater no peito e dizer “ aquele ali é meu amigo de verdade”. A gente olha para
as pessoas e tem sempre a impressão de que todo mundo é amigo, até a página dois. Não me tire do meu conforto,
não discorde de mim e não me peça muitos favores, dessa forma nossa amizade é
para sempre.
E ai, como isso me deprime. Eu cresci escutando aquela coisa
“ ninguém é uma ilha” e uma vez uma professora minha de técnica de redação,
escreveu uma frase na lousa “ os homens seriam muito mais felizes se
construíssem pontes ao invés de muros” ( não sei se era exatamente isso, mas dá
pra entender) e parece que essas duas coisas sempre martelaram na minha mente.
Você precisa do outro mesmo que nem perceba, para poder viver nesse mundo. De um atendendo
pra te servir, de uma enfermeira pra te curar, de um agente do trânsito fdp pra
te f** , não importa quem seja, mas a presença de outras pessoas em nossas
vidas é vital. E é claro, que a gente quer ter amigos, não precisa ser muitos,
mas quem não quer ter um amigo que te atenda de madrugada quando você tem algum
surto psicótico? Ou que saia correndo quando você manda uma mensagem “ preciso
de uma mãozinha aqui” e ai a pessoa acha
que é algo muito importante, quando no final das contas você so precisa de
gente a mais pra segurar as sacolas das compras!? Ou, quando você precisa de
amigos simplesmente para se divertir, sentar, conversar besteira, dar risada
sem nenhuma pretensão e ser feliz. Quem é que não deseja isso na vida!? A
sensação que uma amizade trás no nosso peito é diferente do amor romântico, é
diferente do aconchego da família, é aquela sensação de gratuidade “ eu não
nasci dela, eu não dou pra ela, eu nem mesmo sou lá grande coisa mas ela perde
cinco minutos comigo sempre”.
Eu e o Bruno temos esse apego a amizade, mesmo já tendo
quebrado a cara umas trocentas vezes. E nossa, como já quebramos, como já
fizemos promessas eternas de que nunca mais íamos fazer nada pra ninguém,
emprestar dinheiro pra ninguém, organizar viagem pra ninguém, organizar festa
pra ninguém. O plano era fugir, vender bijus e comer peixe assado todo dia, por
que ninguém é digno da nossa amizade.
Eis, que a gente resolve casar. Aqueles amigos que estão com
a gente desde SEMPRE são os primeiros a passarem na nossa cabeça, alguns deles
não se empolgam tanto e sim, nós ficamos tristes e decepcionados e a gente
sempre fala “ que se dane, não vou nem avisá-lo de nada “ e daqui dois minutos
lá está a gente “ vamos ligar pra fulano, e dar mais uma chance para ele”,
alguns outros até choraram quando
ficaram sabendo da notícia, aqueles amigos que estão com a gente desde o
nascimento do casal Bruno e Dani, quantas aventuras, quantas broncas, quantas
coisas a gente já não viveu junto e ontem a noite, estávamos ali, sentado no Mc
Donald´s, repassando algumas coisas e falando sobre outras com aquela
cumplicidade que só existe entre a gente. É como se não houvesse nenhum tipo de
pudor, nenhum tipo de segredo, nenhum resquício de insegurança, enquanto a
gente conversa, brinca e dá risada, o nosso peito é tomado por um sopro leve em
que a gente pensa “ eu tô me jogando do precipício mais alto que já vi e estes
dois estão ali embaixo para nos segurar, acho melhor eu fazer uma dieta para
eles conseguirem me pegar” , não, nada é igual a esse sentimento.
Mais pra frente, enquanto a gente pensava em tudo que anda
acontecendo, e nessas coisas deliciosas a gente parou pra pensar. Ok, o Caíque
e a Marina são nossos amigos há mil anos e, nós não esperávamos outra coisa
deles, eu esperava que o Caíque ia levar o Bruno pra esbórnia da despedida de
solteiro e eu sabia que a Marina ia chorar quando eu fosse chama-la para ser
(fada) madrinha. A gente se emociona com tudo isso mesmo assim, mas, no fundo
não esperávamos nada de diferente das duas pessoas que de tão importantes para
gente, chegam a se confundir em certas lembranças com nós mesmos.
Legal mesmo, é quando acontece daquelas pessoas menos
inesperadas te surpreender de um jeito comovente. Quando você as conhece há menos
de um ano, mas já gosta assim de um jeito genuíno. Fica com vergonha de fazer
um pedido íntimo, mas, aos poucos vão construindo uma amizade bacana e, de
repente, percebe que ela está tão envolvida com o seu momento quanto você (
elas dizem que estão até mais do que eu..ahaha). E a gente abusa mesmo, manda
trocentas mil mensagens, cheias de dúvidas e aflição, marca coisas de manhã
mega cedo, faz pagar mico, trabalhar, mão na massa, mas o que emociona é
perceber que ninguém tá ali obrigado e, sim por que quer realizar junto com a
gente esse momento mais do que especial.
E nossa, como tudo isso deixa a gente inebriado. É como se
estivéssemos dentro de uma bolha, é uma soma de paz, felicidade, borboletas no
estômago. Você olha para essas pessoas e tem a certeza de que sempre vale a
pena acreditar, acreditar que há pessoas boas, que existe gente que vai sair da
zona de conforto pra te ver bem, que sempre existe alguém que vai te retribuir
da forma mais genuína todo o sentimento que nutrimos dentro do peito. A gente
olha e chega a conclusão de como vale a pena às vezes largar o osso daquele “amigo”
e descobrir a existência de pessoas maravilhosas.
Por que para mim, quem vive de história é museu. Amizade é
igual a casamento, não da pra viver no
passado, não dá pra ficar sempre relembrando as coisas de legal que já fizemos,
a gente precisa também do atual, do hoje, da necessidade latente. Senão fica
tudo meio frio, meio frágil e meio sem sentido.
No final do caminho a gente tava se perguntando, se
queríamos mesmo que tudo isso acabasse ou se vamos querer viver eternamente nos preparativos do casamento para
aproveitar essa fase boa. Eu acredito que, quem não vai gostar muito disso, é o
Caíque, Marina, Maíra ( Nicholas de tabela), os nossos padrinhos mágicos que
estão fazendo tudo acontecer e, que com certeza não seríamos nada sem eles.
E esse texto meio atrapalhado, meio na correria, vai para
eles. Eu já nem sei mais como agradecer, o que fazer, como demonstrar. Eu sou
assim, meio dura, meio fechada, meio grossa, mas juro que por dentro sou uma
moça cheia de sentimentos bons e que está tão feliz por ter vocês aqui do nosso
lado. Sozinhos não faríamos nem ¼ das coisas que vocês estão fazendo por nós e
a gente não sabe direito nem como agradecer!
Meus amigos, vocês são o maior presente de casamento que
podíamos ganhar , daqui 50 anos quando eu e o Bruno estivermos completando
bodas, vamos lembrar do nosso casamento com o maior carinho e saber que eu
tenho que contratar a Maíra pro Buffet, a Marina pra decoração e deixar o
Caíque longe do Marido, por que a pipa do vovô não vai subir mais...ahaha!
É isso pessoal!
Nós amamos vocês!