sexta-feira, 8 de maio de 2015

O que te separa do Mark Zuckerberg?

Alguém aqui já usou a desculpa de que Einstein não era um bom aluno em matemática para justificar uma nota baixa? Eu já. Eu também ouvi por milhares de vezes "Você não é Einstein" e eu retrucava dizendo " Einstein também não era Einstein enquanto reprovava em matemática". 
Eu falava isso quando era criança, depois adolescente. Uma tentativa de sair da bronca pelo humor, mas com uma pitada de realidade.

Eu sabia que assim como 99% das pessoas no mundo eu estava fadada a traçar o caminho comum. O de estudar, entrar numa faculdade, construir uma carreira que iria roubar todo o meu tempo e me fazer viver durante os intervalos, ansiosa pela aposentadoria para desfrutar de tudo que acumulei durante os 50 anos de vida. Eu sabia disso. Eu era treinada para isso todo dia que ia para minha escola tradicional, fazia coisas tradicionais, era impedida de fazer ginástica rítmica por que tinha que fazer Kumon e era impedida de estudar espanhol por que inglês era mais importante para o mercado de trabalho, mas gente, eu só tinha onze anos. 

Naquela época eu já bradava aos quatro ventos que era muito cedo para guiarem a minha vida por causa do mercado de trabalho. Eu nem sei o que eu quero ser quando crescer, eu nem decidi o que fazer da minha vida e muito menos se aquilo que os meus pais não tiveram e que parecia ser tão importante para eles, fazia sentido realmente para mim. Por favor, deixem eu fazer ginástica rítmica, espanhol e artes cênicas. NÃO! Por favor, deixem eu viajar um tempo antes de entrar na faculdade tradicional que vocês tanto querem. NÃO! Por favor, deixa eu lidar com trabalho voluntário, artesanato, fotografia e outras coisas manuais e artísticas. NAO!.

Era tempo de competir com os amiguinhos em relação a faculdade que você escolheu. Mais para frente de acordo com a multinacional que você trabalha. Não importa se você ODEIA seu trabalho, sua faculdade, sua vida. Não importa se o momento mais feliz para você é a sexta-feira depois do expediente ate sábado a noite, por que domingo você já começa a sofrer. Não importa que você tenha aprendido a guardar os seus sonhos em potinhos, para deixar pra depois por que a obrigação deve vir primeiro. O que importa meu amigo é que você seguiu a cartilha e agora é bem sucedido.

Mas para ser bem sucedido MESMO você tem que acumular um monte de coisa das quais não precisa apenas para se tornar escravo deles, trabalhando cada vez mais para consumir mais e mais. Os seus sonhos serão ter uma casa grande, uma casa na praia e muitos carros caros na garagem. Os seus sonhos serão "ter" e não mais " ser" por que você nem sabe mais o que é "ser" aquilo que você realmente quer, no entanto, se a cartilha continuar sendo seguida, você será bem sucedido, parabéns para você.
E aí pessoas que remam contra essa maré serão loucos, serão vagabundos, serão sem noção da realidade, onde já se viu ousar ser diferente.

Pessoas que chegarem perto de você com ideias mirabolantes serão olhadas com desprezo, " você não é Einstein", "você não é Zuckeberg", "você não é um Steve Jobs" e aí eu te pergunto, o que nos diferencia dessas pessoas que são exemplos para o mundo todo? São seres humanos como nós. A maioria não tinha uma família rica, a maioria não foi patrocinada, a maioria chegou e venceu e qual a diferença? Por que eles conseguiram e você não? Simplesmente por que eles tiveram uma ideia e a bancaram. Eles tiveram uma ideia e foram em frente. Colocaram um fone de ouvido e não ouviram os "você é louco", "você não vai conseguir", "isso não dará certo" e seguiram em frente. Passaram pelas suas dificuldades, abriram mão de muitas coisas, foram chamadas de perdedores por muitas pessoas, mas não ligaram, eles se deram ao luxo de sonhar. E sonhar meu amigo hoje em dia é uma transgressão e tanto.

Sonhar e ir além é quase dar uma banana e abaixar as calças para todo mundo é desrespeito, cara. Sonhar é foda e as pessoas se sentem incomodadas com sonhadores. Eu não fui educada para isso, nem você. Eu fui educada para trabalhar pelos sonhos dos outros, eu fui educada para seguir a cartilha e por muito tempo estive ali na linha. E o que acontece quando você começa a sair dessa trilha é uma ida ao desconhecido, cheio de medos, de julgamentos de olhares tortos, mas eu nem ligo, não há nada mais satisfatório do que ir atrás do que você realmente é ( se ainda souber) e do que você realmente quer, é não ser definida por nem uma cartilha é surpreender e ver a sua vida acontecendo a todo momento e não somente nos finais de semana e feriados.

O único plano de vida atual é não chegar lá na frente arrependida do que não fiz, é não virar escrava dos padrões de consumo cada vez mais alucinantes é não esquecer a diferença entre preço e valor e ser transgressora o suficiente para dar asas bem grandes aos meus sonhos. Como eu dizia antes, eu não sou Einstein, sou a Danielle e a história que me aguarde ;)

quarta-feira, 1 de abril de 2015

O manifesto da advogada tatuada!

E estamos em tempos de discutir preconceito. A novela da Globo fez com que discutíssemos sobre homossexualidade na semana passada. Várias notícias tristes, trazem a tona a discussão a respeito do racismo, em março o tema é sobre machismo e por aí vai.


Acho muito legal esse bate papo desvairado que as redes sociais trazem até nós, embora, muitas das vezes os comentários virem campos de guerra, argumentos e respeito somem e a gente só vê agressão. Mas tudo bem, o importante é que pelo menos estamos falando sobre os temas espinhosos.

Mas hoje, eu não sentei para falar sobre os LGBT´s, nem sobre os negros, nem sobre as mulheres. Hoje eu sentei aqui para falar de um dos preconceitos mais democráticos de todos. Ele atinge a qualquer um, seja preto, branco ou amarelo, seja rico ou pobre, seja homem ou mulher: TATUAGEM.

Eu, que nunca tive nada contra os tatuados, sempre achei bonito nos outros, mas não achava que faria. Não tinha nada em mente que eu quisesse passar a minha vida inteira junto, e sempre achei que na minha profissão (sou advogada) não ia pegar bem. 
Um belo dia, por impulso fiz a minha primeira. Minúscula, no dedo anelar da mão esquerda um símbolo do infinito representando as pessoas que amo e que são eternas.Colocava um anel por cima e ok. Dizem que vicia e você não acredita, até fazer a primeira. Aí meses depois, estava eu novamente no studio fazendo mais uma, pequena porém ousada no ombro. Um sorriso e talvez o que mais me caracterize. Essa, principalmente no verão é mais difícil de esconder e eu me peguei diversas vezes, trocando de roupa por que ia numa audiência, atender um cliente ou em alguma reunião. Semana passada eu fiz mais uma, no outro ombro. E já agendei para fazer mais três.

Acho super bonito as tatuagens nos braços, pequenas, delicadas, femininas. Mas não tinha coragem de fazer achando que isso poderia me prejudicar no meu escritório. Você nunca sabe exatamente quem vai atender, quais são suas crenças e seus preconceitos, logo é melhor não bater de frente. Mas, diante de tanta discussão a respeito de preconceito e respeito, achei tudo isso meio contraditório, não!? Tudo bem que preconceito, seja lá de qual natureza for, é algo sempre sem sentido, mas às vezes eu me pego pensando que tal postura em pleno 2015 é tão fora de moda, que resolvi deixar de lado.

Tudo bem que você não goste e tem todo o direito. Assim como eu não gosto daqueles piercings no meio do nariz, mas julgar alguém por um estilo é algo tão primitivo. Colocar na caixinha dos vagabundos, preguiçosos e bandidos por que a pessoa fez um coração no ombro é tão surreal. Desclassificar alguém de um concurso público por que tem tatuagem? Deixar de me contratar por que eu tenho uns pássaros no braço? Gente, como assim?

E tudo isso não passa de uma construção social. Ter as orelhas furadas logo na maternidade tudo bem. Sair por aí com um par de brincos escandalosos, rasgando as orelhas e nada demais, mas ter um piercing no nariz já é algo agressivo. São situações tão sem sentido que eu resolvi deixar para lá. Sempre que eu vejo um gay no armário eu sinto pena dele. Acho que deve ser horrível viver se privando do que quer por conta do que os outros vão pensar. Sempre que vejo sendo uma mulher menosprezada simplesmente por ser mulher, sinto um ódio tão grande desse machismo que ainda permeia nossas relações que tenho vontade de fazer coisas impublicáveis. Sempre que qualquer notícia de qualquer tipo de preconceito vem a tona, eu me pergunto onde estamos e quando vamos evoluir, acabei transportando tal pensamento para a questão das tatoos. 

Deixar de marcar o meu corpo com algo que eu gosto e da forma como eu gosto só por que algumas pessoas ainda vão pensar coisas ruins de mim ou talvez não me contratem é um retrocesso. Eu não quero causar embaraços para ninguém, nem tampouco chocar a sociedade, só queremos aquele direito constitucional de não ser pré julgado em decorrência de raça, cor, credo, condição sexual ou tatuagens. Ou ainda mais, eu só quero dispor livremente do meu corpo e isso não é nem de longe um motivo para ofender o outro. Deixe a sua ferrari sem adesivo, tudo bem eu não ligo. Mas eu deixe eu desenhar a minha por inteiro, por que é assim que eu gosto e quem é você para me julgar?

E sim, seria mais fácil que eu usasse sempre camisas onde os meus braços fiquem escondidos, inclusive no Verão que faz em nosso País. Mas o ponto é justamente esse: Ate quando, nós, que não estamos fazendo NADA DE ERRADO vamos ficar procurando subterfúrgios para fazer uso de um direito? A sociedade fica procurando maneiras de evitar o confronto, maneiras de ficar no armário sem a menor disposição para aceitar as diferenças. Quer ser gay? Ok, desde que não beije em público. Quer ser mulher e ser respeitada? Use apenas roupas longas, caso contrário se você for estuprada a culpa será sua. Quer ser respeitado? Siga o manual de conduta.

 As nossas relações deviam se pautar única e exclusivamente pelo respeito. Respeitar as escolhas dos outros parece ser a atitude mais chocante da atualidade, parece ser mais agressivo do que ser minoria, tatuado e com piercing.
E eu acho que, diante de tantos protestos e de tantos pedidos por um Brasil/mundo melhor a gente podia começar praticando essa atitude tão chocante, tão moderna e tão absurda que é respeitar a escolha do vizinho. Sem julgar, sem colocar em nenhuma caixinha, sem menosprezar. Apenas respeitar e viver em harmonia com a certeza de que ninguém é melhor do que ninguém e que no final, todos iremos para o mesmo lugar. Simples assim.

terça-feira, 3 de março de 2015

Em terra de motorista, ciclista é bandido!

Eu sempre fui uma fervorosa defensora dos transportes públicos. Por mais amassada que eu fosse no trem de Santo André até São Paulo, eu defendia o seu uso até a morte e o argumento era sempre o valor da passagem em torno de R$3,00 contra a gasolina e uns R$20,00 a primeira hora nos estacionamentos do centro de SP, com isto meu carro ficava o dia todo na garagem e me servia apenas a noite quando ia para faculdade.

Depois de um tempo, continuei defendendo o aumento e uso do transporte público, mas sem usá-lo. Tinha compromissos em diversos pontos da capital e da grande SP e por mais que eu pudesse ter os meus deslocamentos realizados pelo busão + trem + metrô, acabei me apegando ao carro e aderindo ao coro daqueles que estão sempre reclamando do trânsito de SP.

Eu havia comprado aquele carro dos sonhos: automático, confortável, piloto automático, teto solar, enfim, achava eu e todo mundo  que eu tinha ganhado na vida.
Um ano depois descobri a verdadeira libertação, o verdadeiro luxo: Morar perto do trabalho.
São dois km de distância e o meu marido trabalha a 3,6km de distância, no entanto, este percurso continuava sendo feito de CARRO. Eu que defendia tanto o não uso do carro, as caronas, as ciclovias, o busão, o trem, continuava apoiando uma causa do conforto do meu banco de couro, pagando uma gasolina cada vez mais cara, IPVA, seguro e etc.

Um dia qualquer lendo um texto do Sakamoto (sim, eu leio Sakamoto #mejulguem) que mostrava pessoas normais indo para os seus trabalhos de bike eu pensei: sério, por que eu ainda sou uma motorista?.
Pesquisei sobre a economia de se abrir mão do carro, os prós e os contras e chamei o marido para jantar num restaurante legal, embebedei-o e comecei a dissertar.. Rsrs! Você sabia que, se você roda até 17km por dia não vale a pena ter um carro? Compensa muito mais você andar SEMPRE de táxi, do que manter um carro. Fiz as contas para ele e expliquei como eu estava me sentindo péssima por ser uma militante de uma causa que eu não abraçava por completo.


Dito isso, abandonei o veículo em setembro de 2014 e assustei todos ao meu redor. Alguns familiares só faltaram me oferecer ajuda financeira achando que o fato de me desfazer de um bem que para muitos é sinônimo de "eu venci na vida" não poderia ser normal, analisando hoje em dia, eu bem que deveria ter aceitado né, rsrs!.
É anormal alguém preferir andar de transporte público, a pé ou de bicicleta mesmo que os seus deslocamentos não sejam muito grandes e mesmo que você tenha essas três opções de forma satisfatória. Eu moro na direção do ponto de trólebus e o meu escritório fica exatamente na frente da onde desço, sem contar que os trólebus para que não conhece são aqueles ônibus elétricos com faixa exclusiva, eles não pegam trânsito e eu só paro nos semáforos.

É claro que eu só o utilizo quando está chovendo ou quando estou com preguiça, afinal dois quilômetros a pé equivalem a dez, quinze minutos do meu dia andando tranquilamente.
Ainda hoje respondo diversos questionamentos a respeito de quando eu irei comprar outro carro e quando a gente responde que nunca mais ou com certeza não tão cedo, a cara de espanto das pessoas chega a ser hilária.
O fato é que se eu tinha dúvidas de que o meu relacionamento com o possante estava ultrapassado, atualmente eu tenho certeza.

A minha qualidade de vida aumentou assustadoramente. Passei a fazer quase todos os deslocamentos a pé, comecei a conhecer o meu bairro melhor, dar bom dia pro cara da banca e para o padeiro, fiquei muito mais disposta.

Gostaria de usar a bicicleta de forma muito mais efetiva, em maiores distâncias e até mesmo em viagens. Vivo namorando vários modelos legais, com cestinhas, bolsinhas e um monte de balangandãn, mas o medo de morrer atropelada ainda me impede.

Não sou uma ciclista avançada e nos raros momentos que eu a coloquei em jogo, quase fui atropelada umas centenas de vezes. Os carros avançam em você sem dó nem piedade e como por aqui não tem ciclovia e eu não pretendo que os meus dependentes façam uso do meu seguro de vida tão cedo, acabo deixando parada, limitando o seu uso às praças ou dias sem muito movimento.

Eu não sei se é por que agora sou essencialmente pedestre, mas eu nunca tinha reparado como os motoristas são mal educados. Peço perdão quase todos os dias, caso eu fosse assim também.
Outra coisa que você começa a perceber quando passa a andar a pé é em como tudo gira em torno dos motoristas. Na frente do meu trabalho tem um farol e uma faixa de pedestres, cinquenta metros para a frente tem outro semáforo sem faixa. O primeiro fecha, o segundo fica aberto. Nós que descemos do trólebus e queremos atravessar a rua, passamos SEM BRINCADEIRA NENHUMA bem uns cinco minutos esperando o farol fechar, mesmo com o da frente fechado e os carros sem terem para onde ir. É claro, que se o primeiro estiver fechado, raros são os motoristas que param na faixa e deixam os pedestres atravessarem e aí maioria acaba se aventurando e saindo correndo (eu sou uma dessas, confesso).

Outro dia questionei aqui no prédio onde trabalho se não há um lugar para deixar a bicicleta e a resposta foi NÃO. Perguntei então se eu poderia usar a minha vaga, uma vez que tenho direito a uma e ela está vazia pois não tenho mais carro, a resposta foi NÃO, "não por que?", "por que sim" foi a resposta, por que as vagas são para os carros.
Ora, não faz o menor sentido que a vaga que me pertence não possa ser usado para guardar o meu meio de transporte simplesmente, por que ninguém mais está acostumado com outros meios de locomoção. Meu marido chegou com a bicicleta dele no estacionamento da empresa e perguntou se podia deixá-la amarrada na árvore, a resposta? NÃO.
O mais curioso é que grandes empresas adoram fazer campanhas "verde", pedem para imprimir com consciência, vem com um papinho meia boca, entregam sacolinhas fofa para você andar por aí fazendo propaganda, mas quando um funcionário realmente faz algo efetivo para o meio ambiente, ela não está preparada para recebê-lo. Aquela conhecida hipocrisia do ser humano.

Conheço muitas pessoas que não poderiam colocar em prática a vida que eu venho levando, muitas trabalham bem mais longe. Alguns tem filhos e ficam com medo no caso de urgências e eu realmente entendo. Acredito que cada um precise conhecer a sua rotina e saber se o carro é NECESSÁRIO ou não.
Mas o que temos defendido é justamente a análise da necessidade. Tudo bem que você tem um filho e não ter carro não é uma opção, mas será que ´precisa mesmo ir até a padaria de carro? Será que não é mais fácil deixar o carro em casa e ir a pé ou transporte público para o trabalho?

O triste de tudo isso é que como eu disse acima, carro hoje em dia não é mais apenas necessidade, é status, é luxo, é poder, quase uma ostentação. Da mesma forma como eu conheço aqueles que tem necessidade, conheço bem umas 5 dúzias de pessoas que não tem a menor necessidade, mas tem seus carros na garagem, fazendo cada vez mais volume na rua e tornando o trânsito cada dia mais infernal.
Ah que alegria que eu sinto, quando vejo aquele trânsito dando nó e eu passando ao lado majestosamente com minhas pernocas/bicicleta de todos aqueles motoristas raivosos.
Sem contar na folga que o meu orçamento mensal sentiu. Sabe o que eu faço sem ter que pagar todos os ônus do meu veículo? Viajo! Só em janeiro fui pro Maranhão/Piaui e Rio de Janeiro e há muitas outras viagens programadas nesse mês, por que ao contrário do ano passado neste começo de ano eu não precisei morrer na fortuna do IPVA/Licenciamento/multas.

Sou muito mais a favor das experiências que o meu dinheiro pode me proporcionar do que os bens que ele pode comprar.
Experimente se livrar deste vício aos poucos. Se não pode abandoná-lo diariamente, experimente nos finais de semana, feriados, pequenos deslocamentos. Perceba como é muito mais barato pegar um táxi do que pagar gasolina + estacionamento ou até mesmo, respeitar o ciclista ou pedestre que esteja perto de você.

De toda essa experiência eu com certeza reafirmei aquela frase: Seja a mudança que você quer ver no mundo. Cada um fazendo a sua parte, por uma sociedade menos caótica, menos estressada e mais feliz.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Uma pessoa melhor para um mundo melhor!

Um mundo melhor é o desejo mais comum entre os seres humanos. Falam da violência, das desigualdades, das injustiças cometidas a torto e a direito, como algo surreal criado por outras pessoas.

Muitos se esquecem que o "mundo" é o espelho daquilo que somos. Se está ruim lá fora, muito provavelmente está péssimo aqui dentro.

Se você almeja um mundo melhor, comece a mudança em você. Transforme a sua casa, os seus relacionamentos, o que ensina aos seus filhos. Mude a forma de se relacionar com o consumo desenfreado, propagado pelo capitalismo como a forma de se alcançar felicidade.

Não precisa abrir mão do conforto para ser socialista, sabiam? Abre-se mão do luxo. Do desnecessário. Das relações humanas exploradoras. Se você brada contra a desigualdade, por que ainda continua consumindo e consumindo e consumindo produtos pautados pela exploração da mão de obra em condições análogas a de escravo? Ouço muito ( e eu várias vezes repito) "é quase impossível não comprar nessas lojas", confesso, é realmente difícil. Elas invadem as nossas casas diariamente com propagandas cada vez mais sedutoras, preços não tão bons, mas com parcelamentos inacreditáveis e a gente cai. A gente compra. A gente se endivida para que pessoas como eu e você continuem sendo exploradas.

Se você quer um mundo melhor, resista. Dê preferência aos artesãos, aos brechós, as trocas de roupas. Ser muito difícil não é ser impossível.

Se você almeja maior igualdade social, não fomente o mercado da desigualdade. Outro dia eu li uma frase muito boa que dizia mais ou menos o seguinte " não se pergunte por que comida saudável (orgânica) é tão cara, se pergunte por que os industrializados são muito mais baratos" vale o mesmo para todos os outros bens de consumo muito mais baratos do que os outros. Não é apenas a carga tributária do país x ou y que é muito mais baixa não, tem muita gente sofrendo para você desfilar com um tênis de R$1.000,00 por aí.

E você que tem a cara de pau de reclamar sobre as mudanças no seguro desemprego e nem registra os seus empregados? É, por que o que tem de gente por aqui preocupado com os direitos trabalhistas que os seus funcionários NÃO TEM, não é brincadeira não.

Como se clamar por justiça social e honestidade quando o maior agente corruptor somos nós. Os nossos políticos também são reflexos de nossas atitudes. Justificativas como " eu faço por que não tem como sobreviver nesse país de outra forma" pintam de verde e amarelo o problema, disfarça, mas não resolve.


Por isso eu insisto, se você pretende de verdade um mundo melhor, comece por você. Quantas coisas você tem em casa das quais não precisa? E quantos momentos importantes ou até mesmo triviais você já não perdeu por que precisava trabalhar para conquistar aquilo que você não precisa?

Ser socialista não é viver num mundo em que não existe a meritocracia, é simplesmente, buscar um mundo onde não haja exploração, coisa que o capitalismo sabe fazer muito bem. A gente tira o melhor das coisas e ajusta aquilo que não dá certo para chegar perto do tal mundo perfeito.


Se você deseja um mundo melhor, não deseje apenas para si ou para os seus filhos, pois isso resulta em você trancafiado em sua casa com muitas grades.
Deseje um bairro melhor aos seus vizinhos, uma cidade mais bonita aos seus conterrâneos. Deseje para o outro aquilo que deseja para si e não faça com os outros o que não gostaria que fizessem com você.

Não tem nada de fórmula mágica, não é difícil, basta querer. Mas a maioria não quer. O que a maioria quer é conquistar as coisas ( supérfluas ou não) e não ser roubado por isso, é viver a sua vida sem dar bom dia para o vizinho, é conseguir que o seu filho tenha o cargo melhor do que o da Tia Maria. Mas ninguém percebe que, para tudo isso se tornar minimamente real, você precisa ser melhor. Você precisa praticar as mensagens do espiritismo ou do Buda que você compartilha incessantemente no facebook. Esses "gurus" da auto ajuda devem sofrer muito com tanta gente falando, poucos de fato praticando.

Se as coisas continuarem como estão, a gente se encontra no próximo natal dentro de algum lugar cheio de segurança, com uma conta caríssima e o salário dos garçons uma merreca, afinal de contas né...quem mandou não estudar mais!?

Mude, que o mundo muda com você!

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Afinal, qual o problema de ser polígamo?

Eu estava de férias no mês passado e como não fui para lugar nenhum, li muita coisa por aí. Coisas que faziam sentido para mim, outras nem tanto.

No meio de todos esses textos li alguns sobre a poligamia, eles falavam em como não era natural ser monogamista e como estamos infelizes praticando o amor para apenas uma pessoa apenas por imposição da sociedade.

Num primeiro momento eu fiquei meio chocada e com um pensamento " gente alternativa demais para mim", logo depois eu comecei a refletir usando como base algo que eu sempre escrevo: Os nossos comportamentos e crenças são nossas ou a sociedade nos impõe?. Por que eu nasci e cresci sabendo que teria que escolher apenas um para chamar de meu. Pelo menos um de cada vez, pois já inventaram o divórcio..rsrs. Eu nasci sabendo que quem ama não trai e esse negócio de poligamia na verdade é tudo putaria. Nunca parei para pensar ao contrário, estou bem assim. 

Mas aí fiquei pensando, será que não estaria melhor de outro jeito? Será que boa parte de nosso egoísmo não começa quando exigimos a atenção de apenas uma pessoa e queremos ser o melhor no mundo para apenas ela? E o que será que nos dizem os números de separações, de gente solteira ou de gente que ama um parceiro novo a cada quinze dias?

Se podemos amar uns dez amigos ao mesmo tempo, por que será que não podemos amar uns 10 namorados/maridos ao mesmo tempo? Ou vai dizer que você nunca olhou com péssimas intenções outras pessoas por aí e depois se julgou a pior pessoa no mundo? Por que será que isso acontece? Será que os "alternativos demais" estão certos? 

O fato é que eu estou tão acostumada a viver a vida seguindo o roteiro, mesmo que viva tentando fugir dele que eu já não sei exatamente quando a decisão é minha e quando a decisão é da sociedade. Talvez e aqui é um BIG TALVEZ nós fôssemos mais felizes e desencanados vivendo a poligamia ou até mesmo se cada um vivesse da maneira como bem entendesse. Não fosse julgado e nem preso ( por que bigamia gente, é crime e eu não quero induzir ninguém ao crime aqui rsrs) por fazer suas escolhas de vida. 
Outras culturas já nos provaram que a poligamia é completamente possível, e por lá você tem a opção de ter vários amores ou apenas um, sem drama, sem polêmica e sem dificuldade!

Eu sonho com o dia em que o mundo seja de todos, e que as nossas escolhas sejam totalmente livres!

PS: Só para constar que eu sou uma pessoa casada apenas com um, defendendo o direito daqueles que querem se casar com vários ;)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

E quem disse que se eu gostar do azul, não posso gostar do rosa, amarelo,verde e vermelho?

Eu não sei o que é ter foco. Sempre fui daquelas que estudava vendo televisão. Que falava no telefone, enquanto lia e ouvia música. Que tem a maior dificuldade de prestar atenção em qualquer coisa que seja, desde a aula mais interessante de todas, passando por palestras e apresentações. Até um amigo se me contar uma história longa, é provável que me perca.
 Para que eu me concentre minimamente, preciso estar fazendo algo em conjunto, tipo rabiscando, escrevendo ou, atualizando as minhas finanças.

Passei os meus vinte e cinco anos angustiada com essa minha incapacidade. Parecia que eu não conseguia gostar de nada que realmente prendesse a minha atenção e acabei deixando de lado cursos, palestras e congressos. Quando eu me formei, depois de cinco longos anos tendo que assistir longas aulas, eu achava que finalmente ia encontrar algo que não me perdesse. Entrei na pós graduação, entediei novamente. Fiz alguns cursos e os meus cadernos de rabiscos sempre presentes. Nem mesmo a profissão que eu havia escolhido era suficiente para prender toda a minha atenção.

Cheguei a trabalhar com direito, corretagem, turismo e eventos tudo de uma vez só e me entendia muito bem naquele caos. Parece que a melhor parte de mim é estimulada pela bagunça, pela agenda lotada, pela falta de tempo de respirar. E mesmo diante de tanta coisa, eu ainda arrumava tempo para viajar, sair com os amigos, fazer a pós graduação entediante e ficar sem fazer nada. Sabe-se lá da onde eu arrumava tanto tempo, mas para mim a melhor forma de gerenciar as minhas tarefas é tendo tanta coisa para fazer que não posso me dar ao luxo de procrastinar.

Durante essa jornada louca ouvi muitas vezes que eu não tinha foco. Quer dizer, ouvi a minha vida inteira que eu não tinha foco e, realmente não tinha. No entanto, só depois de muita análise é que eu percebi que aquilo não necessariamente precisava ser um problema, era uma característica minha, uma qualidade, a melhor forma que eu encontrei para tocar a vida e ela era diferente, mas longe de ser errada.

Comecei a refletir sobre o meu modo de agir e o modo de agir da maioria das pessoas "focadas" que encontro por aí.
 Para mim, uma das melhores coisas que gosto em ser "desfocada" é que eu não tenho limites. Enxergo oportunidades em quase tudo que vejo e não coloco barreiras nem no aprendizado nem na prática de nenhum deles. A maioria das pessoas focadas que encontro repetem um mantra incessantemente "é muito difícil" ou " estou muito ocupada para lidar com isto". Eu não. Eu sempre tenho tempo para o novo, pois é isso que me impulsiona, que me fornece energia para continuar o que faço e para seguir em frente. 

O fato de ser sem foco me faz apreciar belezas em tudo o que vejo, ao invés de estar preocupada firmemente apenas com uma coisa. E, se eu achar um caminho mais simples do que o que eu traço agora, certamente irei alterar a minha rota, por que também não tenho muito problema com o fracasso e nem com a mudança de planos, estou mais preocupada com as perguntas do que com as respostas. 

Tenho a impressão de que passarei a vida inteira assim, na busca pelo novo, pelo brilho nos olhos e odiando a acomodação. Talvez a única acomodação que eu goste seja o amor, de resto prefiro essa vida sem lente e sem óculos de grau. Desfocada mesmo. Para uns, uma perfeita perdedora, para mim, uma constante vencedora.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

No clima natalino atrasado eu desejo menos egoísmo para 2015.

Eu gosto do Natal por que é uma época de muita luz. Nos dois sentidos, diga-se de passagem. Aqui no Brasil não tem neve e nem toda aquele encanto de filmes hollywoodianos, mas não tem problema. As pessoas ficam mais alegres, todo dia tem uma confraternização, as casas ficam enfeitadas, a gente se encontra mais vezes, sorri e fala coisas bonitas. Todo mundo deseja um ano próspero, amor, paz, gratidão a todos e a gente segue achando que tudo isso vem do coração.

Eu gosto do natal de verdade e nem de longe pretendo ser cínica aqui, mas, já repararam que todo final de ano inúmeras desgraças acontecem? Geralmente por conta das chuvas que faz com que milhares e milhares de pessoas passem natal e o ano novo desabrigadas e desamparadas enquanto diversas outras estão brindando com a sua cidra de maça.

Esse ano eu achei que o clima do Natal não pegou muito em mim. Passou rápido, confraternizei pouco e não me dei ao trabalho de ficar escrevendo mensagens bonitas, mas 90% do meu facebook fez. E outros 90% do meu whatsapp também. E nessas horas você até se ilude achando que há esperança nesse mundo.
Mas a ilusão dura apenas por um minuto. Logo se percebe que os votos de prosperidade, amor, saúde, paz são ditos em vão. A maioria pensa em si mesmo, deseja que a sua família fique a salvo enquanto acontece tudo de pior lá fora.

A maioria tem dinheiro para "esborniar", tirar foto, colocar no instagram, pagar de rico e bem sucedido, mas quase ninguém tem um dinheiro sobrando para ajudar. Nem mesmo um pacote de macarrão no fundo dos seus armários.
 Devem pensar que as pessoas necessitadas estão passando frio e fome por que não se esforçaram suficiente e para essas meus caros amigos, não há espírito natalino que resolva. São vagabundos, negligentes, irresponsáveis e uma soma de outras coisas. Outros apenas ignoram a presença desta parte do mundo indesejada. Creio que eu prefira o primeiro time que pelo menos se dá ao trabalho de desprezar. Ignorar alguém é o pior tratamento que se pode conceder a outro ser humano, é praticamente ir lá e dizer " ei, você é tão insignificante que não merece nem o meu desprezo, quanto menos o meu tempo".

Eu fico aqui analisando ( e juro, que essa não é uma característica da qual eu goste), lendo as mensagens lindas, as pessoas iluminadas e do bem que pipocam na minha timeline, cheio de livros da Martha Medeiros, de mensagens de auto ajuda e espiritismo, que não conseguem doar nem uma mínima parcela do seu tempo aos desconhecidos e, mesmo assim, clamam por um mundo melhor. Um mundo minha gente, elas não conseguem nem melhorar a sua vizinhança por que estão entretidas demais construindo os seus muros, vivendo suas vidas, guardando as suas coisas para que depois os filhos se estapeiem no inventário sem nem lembrar quem foram seus pais, e desejam um mundo melhor para quem mesmo? Ah, para os seus netos. Os netos dos outros que se danem.

O natal já passou, mas como eu não me manifestei, hoje eu sei o que desejo a todos: menos egoísmo por favor, a vizinhança agradece.


E um feliz 2015!