sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Brasil, meu brasil brasileiro...!







Ontem eu conversa com a minha irmã sobre o beiju ( que em outros lugares, nada mais é do que a tapioca). Ela estava me dando uma bronca por eu chamar o beiju de tapioca traindo a terra natal. Eu disse para ela que eu tinha que fazer várias associações por aqui e às vezes explicar o que eu estava tentando dizer era meio cansativo, por isso usava o atalho.
Nesse meio tempo, um amigo engraçadinho se meteu na conversa e levou a pior. Sabe do que é pior do que um " Menezes" discutindo? DUAS "Menezes" contra você...hahaha! Mas vamos ao que interessa.
No meio dessa discussão saudável e amena me veio algo na cabeça, que por mais que pareça inocente  SEMPRE me chama a atenção.
Um dia eu estava em algum dos meus estágios por aí, quando uma "coleguinha" de trabalho fez um comentário no mínimo infeliz quando falávamos sobre crianças abandonadas:
- Enquanto essas menininhas lá de cima continuarem parindo que nem umas vacas, não há controle de natalidade que aguente.

Ela só não contava com duas coisas. A primeira é que eu que estava ao lado dela, era nordestina, brava, e adoro uma briga; 2. e que, a outra moça que apesar de ter nascido em São Paulo, também não tinha ficado nada nada feliz com o comentário e deu-lhe uma "patada" muito digna.
 No final da história a " coleguinha infeliz" remedeou o assunto dizendo:
- Não, eu não tenho nada contra nordestinos longe de mim, o meu marido tem vários parentes lá de cima, e eu adoro ir para lá.

( é claro que ela adora ir para lá, nós somos ótimos...hahaha, enfim)


Eu não estiquei a conversa com aquele ser desprezível, apenas fiz o que sei fazer de melhor: Ignorar as pessoas e me limitar a falar apenas o estritamente essencial e o que tivesse alguma relação com o trabalho, caso contrário eu nem a cumprimentava. Por mais absurda que a fala dessa pessoa pareça, ainda temos muita gente por aí que pensa desse jeito. O problema do Brasil está nos "baianinhos",  é só darmos uma olhadinha em algumas tristes notícias que circulam por aí, aqui, aqui e acolá.

Se as pessoas soubessem o quanto eu me irrito quanto elas falam " não Dani, eu estou zoando, até por que a minha vó é baiana" elas nunca mais abririam a boca para tentar me fazer "feliz" com essa justificativa. Iriam fazer a brincadeira e acabar por ali mesmo.
Eu passei a reparar nisso, por causa do meu exemplo, mas sempre vejo pessoas fazendo brincadeiras com os negros por exemplo, e quando alguém reclama, a resposta é sempre certa:" não, não tenho nada contra negros, até tenho vários amigos negros" ou " até tenho vários amigos gays" ou " o meu pai é gay". Eu posso até acreditar lá no fundo do coração que ninguém queira ofender, mas esse tipo de frase simplesmente NÃO AJUDA.

Elas soam como prêmio de consolação, como se estivessem fazendo um favor ao alvo da piada incluindo-o ao rol de amigos ou familiares. É como se fosse " não liguem, eu faço piada, mas eu tenho um amigo negro para preencher a cota da inclusão social". É mais ou menos assim que eu me sinto, depois de escutar " acho que esses nordestinos deveriam voltar da onde vieram" e logo depois escutar " não Dani, não se irrite, sou quase nordestina por que a minha vó nasceu em Pernambuco".

Meus queridos, gostaria que algo ficasse claro aqui. Ninguém é quase nordestino, ou quase negro, ou quase gay, ou quase paulista ou quase carioca. Você é aquilo que é, simples assim. Eu brinco dizendo que ser nordestino é um estado de espírito, de alegria, de ser menos encanado, de ser mais receptivo e sim, de ser bem menos preconceituoso. É ÓBVIO que toda regra tem sua exceção e muita gente vai me responder, " mas eu não sou assim, mas eu não sou assado, mas eu nunca vi isso por aqui", mas a maioria nem sabe ao certo com o que eu estou comparado por que o mais longe que se deslocou foi até a Praia Grande ;).
Eu tenho uma distinção na minha cabeça. Acho as pessoas da minha terra por exemplo, bem mais receptivas, porém, bem mais chucras e brutas. Acho as pessoas daqui mais frias, mais distantes uma das outras, mais refinadas, com algumas peculiaridades que me faz querer voltar para São Luis no mínimo umas 5 vezes por ano e algumas outras peculiaridades que me faz pensar " amo SP".
O que eu acho engraçado mesmo é que todas as vezes que eu elenco para os meus amigos o que vejo por aqui, eles se enervam. A maioria não gosta, dizem que eu estou "viajando" ou exagerando, vou passar a responder " gente, não se irritem, não tenho nada contra São Paulo, até tenho vários amigos de lá" ;).

 Se você sente vontade de fazer qualquer piadinha, faça e arque com as consequências. Eu mesma ADORO fazer piada de paulista " nossa o shopping está cheio hoje né!? Ah é, é dia de Sol" ou " nossa, tem uma fila ali, vamos fazer igual aos Paulistas, entrar nela e fingir que é diversão" e, mesmo depois de quinze anos morando aqui, você não vai me ouvir falar " eu sou quase uma de vocês" como forma de ganhar permissão para fazer as minhas piadinhas. Fazer uma piada de negro e depois dizer que não tem nada contra por que ATÉ TEM amigos negros, NÃO melhora a situação. Eu acho que até deixa a situação muito mais preconceituosa. Os negros não precisam que você faça o favor de ser amigo deles. Quer fazer piada em cima dos outros, FAÇA e vá até o fim com elas, é mais digno, quem termina a história usando alguma das frases que eu já citei, perde metade do meu respeito automaticamente.

Eu fico muito irritada com preconceito e fico mais ainda quando me dizem " que quase não veem por aí". Sabe aquela velha história " só sabe o tamanho do calo quem coloca o pé no sapato", então é bem por aí mesmo. Se o assunto não diz respeito a você acho que fica bem difícil ficar opinando ou fazendo suposições. Só sabe o que é conviver com preconceito diário quem vive com ele, o resto só escuta falar ou ler estatísticas na tv. O preconceito é algo velado, mascarado, mas nada tímido. São as famosas frases " o lugar não presta, está cheio de baianinhas" ou " o povo lá de cima só sabe ficar fazendo filho" ( essa eu escuto rotineiramente e sempre tenho que me segurar), ou até mesmo apenas " o povo lá de cima", que por incrível que pareça tem nome. A associação feita com subempregos -nordestinos e negros ou, a associação feita com nordestinos ( principalmente os baianos) e a preguiça, ou a associação do Nordeste com cidades menos desenvolvidas. Eu quando cheguei aqui, senti preconceito até dos professores que me achava menos capaz do que os outros colegas de classe. Mal sabia ela que eu vinha de uma das melhores escolas de São Luis e não precisei nem de um mês para provar o contrário. Mas, o diretor da escola quase nunca me chamava pelo nome, era sempre " Paraíba", "Bahia", menos Maranhão ou simplesmente Danielle.

Hoje em dia, depois de quase quinze anos aqui e ter até vários amigos paulistas, o que mais me irrita mesmo é perceber que o Brasil ainda é um desconhecido para nós. Que agimos como se tivéssemos três países diferentes " nordeste-sudeste e sul" e que essa barreira ao invés de diminuir, parece que só aumenta. Começando pelo valor das passagens que está cada vez mais absurdo, ao passo que uma viagem para o exterior acaba sendo mais interessante.
No final das contas nós parecemos uma cultura completamente diferente e as pessoas vão nos visitar como se estivessem vendo coisa de outro planeta, "exótico" é a palavra que gostam de usar. Aí depois reclamam quando o pessoal " lá de fora" representa a gente como um bando de macaco.

Já disse e repito, um País que não se respeita, dificilmente evoluirá, dificilmente perderá o carimbo de subdesenvolvido.









terça-feira, 13 de novembro de 2012

O fantástico mundo de Dani!








Eu acho que eu nunca fui muito normal. Pensamentos estranhos e complexos sempre moraram na minha mente. Quando eu era filha única, tinha o irmão imaginário Danilo. Danilo era piloto de avião, muito bem sucedido,mas nunca podia me visitar. Os meus pais diziam, que eu também tinha vários amigos imaginários.
Eu sempre fiquei pensando que eu vivia algo como O Show de Truman. A minha vida não era de verdade, e todos estavam acompanhando os meus passos, pois o mundo sempre pareceu girar ao meu redor. Na hora que a pessoa saia da minha casa, eu não saberia de mais nada da vida dele, e passaria o tempo assistindo a minha vida. Como será  a vida dos outros quando eles estão sozinhos!? Serio, eu pensava nisso desde quando tinha uns 5 ou 6 anos.
É, nunca fui lá meio normal. Sempre fui expansiva, atacada, falante e um pouco agressiva. Agressiva com vontade de bater em quem me contrariasse e agressiva com vontade de segurar tudo o que eu sonhava ali, com as duas mãos.
Entao, eu sempre fui muito sonhadora. Sonhava ( ainda sonho, talvez) com o mundo justo e eu seria a causa dessa justiça toda. Sonhava com viagens e sempre com aquilo que estava fora do meu alcance. Era como se eu não encontrasse um sentido na vida se não fosse para continuar sempre querendo mais. Ao mesmo tempo, sempre fiquei contente muito fácil com aquilo que eu tinha. O que era meu, me alegrava, o que estava no mundo me encantava.
Sempre fui o sinônimo do desastre. O ortopedista já era meu amigo. Eu consegui ser atropelada por um carro parado por que resolvi ir comprar uma fogazza. E eu sempre tive um pai atrapalhado. Já fui esquecida no parquinho do supermercado e já mofei tantas tardes na escola por que ou ele tinha esquecido de mim, ou ele tinha trancado o carro com a chave para dentro.
Pois, vejam bem, assim que eu comecei a dirigir já esqueci várias vezes a chave no contato do carro. Vivo perdendo os meus documentos. Meu RG, não faço a menor idéia de onde esteja, título de eleitor? Sério quem usa isso? Já disse que sou incapaz de devolver algo para o lugar em que eu peguei, odeio O-D-E-I-O que me coloquem num padrão e ontem eu fui no mercado comprar um suco, APENAS um suco, passei no caixa, paguei e fui embora. Sem levar o suco! Só me dei conta quando saí do posto de gasolina e fui "organizar" as minhas coisas gentilmente jogadas no banco de trás. Quando eu voltei, a moça do caixa me entregou o suco rindo da minha cara.
Às vezes eu realmente acho que minha função na vida é fazer os outros darem risada. Mas não de ficar contando piada. Darem risada de mim mesmo. Do meu jeito atrapalhado e da falta de freio que tem na minha língua para falar qualquer coisa para qualquer pessoa. É tipo, falar e só depois pensar. As coisas que saem da minha mente parecem tão absurdas que o povo acha que eu tô fazendo piada ao invés de prestar atenção no que eu falo. E eis que criaram para mim a seguinte expressão " O fantástico mundo de Dani", para configurar tudo aquilo que parecer muito surreal!
E eu percebi que eu passei um tempo da minha vida tentando ser séria. Lendo coisas importantes e polemizando por aí. Sou boa em polemizar com coisas sérias, mas, acho que sou melhor polemizando com coisas cotidianas, do que falando da Guerra na Síria.
Pouco tempo antes de casar escrevi aqui que não seria uma esposa "normal". Pois bem, tem àquelas que duvidaram e sempre vieram com aquele papo esquisito " pq quando você casar, você vai ver só", " pq quando você engravidar, você vai ver só". Não tem um ditado ai que diz " o lobo perde o pêlo mas não perde o hábito", poisé. Eu acredito muito mais nele.
Continuo dizendo, está para nascer o homem que vai me transformar numa dona de casa, ou que vai me fazer enconstar minha sarada e dividida barriga num tanque para lavar cuecas. Bem, eu sempre fui sincera né!? Se, de repente ele não gostasse disso, eu só poderia constatar que ele sofre de algum tipo de dislexia ou DDA. O caso é que, não, apesar de provavelmete o meu marido até gostar de ter as coisas arrumadas e cheirosas, ele sempre soube onde estava amarrando o burro e até o momento ( salvo algumas exceções) ele nunca reclamou do meu jeito destrambelhado. Na verdade, ele sempre fala que o ele mais gosta é o meu jeito destrambelhado de ser.
E aí quando eu ouço críticas ou quando ouço outras pessoas tentando me convencer de como viver, eu só consigo chegar numa conclusão " tadinha, as muié la da Joana D'arc queimaram os sutiãs para nada. Essas de hoje em dia não conseguem se livrar da obrigação de ter que fazer tudo por todo mundo e achar que nunca é reconhecida o suficiente e para isso quando encontram alguém diferente, vem com aqueles dedos tudo duros apontando para a aberração da natureza". Ai minha gente, como eu gosto de ser assustadora.Sempre sobra mais tempo para cuidar de mim. Passear, viajar, ver minha novelinha preferida e passar horas por aí sonhando. Coisas que certamente não faria, se eu tivesse que cuidar de mim, do marido e das cuecas dele.
Estamos nos mudando. Estamos planejando os móveis e etc e tal. A regra: Praticidade. Não terá fogão em casa, apenas um cooktop amarelo. É o necessário para esquentar uma água, não!? ( se bem que costumo esquentar no microondas).  Ja disse que lá em casa adotarei o esquema de não entrarem com calçados. Além do feng shui recomendar, não suja o chão e assim eu não tenho que varrer =)), economizo na diarista e uso esse dinheiro para conhecer o mundo por aí.
Alguém deu para gente um ferro de passar. Bem, provavelmente uma pessoa que também não me conhecia. Eu ja aposentei o ferro faz tempo e sabem o que é melhor? Agora está na moda usar camisa amassada. O marido que tinha NECESSIDADE de ir trabalhar de roupa social, rapidamente descobriu que " bem, não é assim tão rigido, pode ir de calça jeans". Bem, até pouco tempo quando alguem se dispunha a fazer para ele, existia a necessidade, agora, que ele teve que aprender sozinho, arrumou uma solução muito mais prática.
Simples assim. Levar a vida na flauta é uma arte.Me preocupo em ser feliz para mim, comigo e com aqueles que eu amo. Não me preocupo em viver de forma pre determinada com padrões que pouco se encaixam na minha personalidade.
Realmente, se você for parar para me analisar, eu sou a perfeita mulher desastre, e, huuuuuuun...que mal há mesmo nisso? Outro dia até me chamaram de original. Estou evoluindo lentamente, do desleixo à originalidade e isso me deixa envaidecida =)
Sabe, eu admiro essas mulheres que fazem trocentas mil coisas e estão impecáveis. Ou aquelas que gostam de fazer uma comida gostosa e cuidam com zêlo de seu marido, filhos e da vida da vizinha, admiro mesmo, desde que elas estejam felizes e tenham feito a sua escolha com base naquilo que as completa! Mas não vou negar que sinto um certo arrepio na espinha quando escuto as mulé contando e enumerando do que abriram mão para os outros... Uiii..não me apetece!

Gente, não há nada pior do que passar por essa vida e ser apenas uma metade. Fizeram o que com a outra? Um suco de laranja? Uma caipirinha gostosa? Qualquer coisa mais empolgante?

Hoje depois de muito pensar, descobri que não vivo num show de truman. Sim, ainda não sei o que acontece com os outros quando eles saem da minha vista, mas eu percebi que quem dirige os meus passos é a minha mente e vou para o lado que quero na hora que bem desejar e se tem, algo que está longe de ser seguido no meio de tudo isso, é um script.
Hoje eu estou aqui, mas cuidado, amanhã posso estar acolá ou eu posso mesmo continuar aqui, sei lá quem vai decidir isso. Eu só sei que o lema da minha vida é ser feliz, ou pelo menos, tentar incansalvemente ser feliz!

Até a próxima!